O show tem que continuar - Você me ensinou a escrever

março 07, 2017

O show tem que continuar

In: Psico Risos

Porque talvez eu seja a bagunça
De uma bola mágica
A tortura da magia que não cessa
De brincar

Não acalma
Não sossega de pensar

Talvez eu seja o fogo
Sou chama, que corrói
A si mesma
Mas no eterno fica presa
No infinito se constrói.

Eu sou o que destrói
E sou aquela que cria
Na destruição
Sou perseguição

Do amor perdido
Da causa perdida
Do mundo
De mim
De tudo

Não.
Como dói ser tudo isso
Todavia, menos dói
Quando sou bicho preguiça
Quando sou sono
A camisola por tirar

Sou inconsciente
Uma viagem dentro do meu lar
Sou menina, sou estrela
Uma estrela no altar

Do universo meu e teu
Nesse plano e em todos os outros

Este doce
Belo
Singelo
Eterno
Retorno

Às coisas que machucam
Às coisas que nos felicitam
Às coisas que nos cria e nos destrói

Como é intrigante ser o paradoxo
Do cosmos
Como é incessante essa insustentável
Leveza do ser

Como é pesada cada maneira de não ser
E ser
Será que aguentamos mesmo
Eu e você?

A espreitada no espelho
O conselho da mamãe
O julgamento do outro
A cozinha sem os pães

Como vou saber, correria?
Se a minha agonia
É suportar a luz do dia
Dentro de uma imensa escuridão

Não podemos com este paradoxo não.
Ou podemos, meu irmão?

Somos a bola mágica ou não?
Ela se desmancha na bagunça
Mas se renova a cada canção
A cada remexo e rebuliço
Ela se encontra com o infinito
Ela beija o coração

Ela é esperança
Não só ilusão
Ela é Deus também
Num grande show

Vazio, cheio e inteiro de uma insondável imensidão.

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