Noites de uma vida inteira - Você me ensinou a escrever

fevereiro 07, 2017

Noites de uma vida inteira

5cm per second

Levantei-me tarde hoje novamente, despreocupada... já que acredito que os meus afazeres estejam equilibrados. Mentira! Não estão, porém, penso que não será difícil fazê-lo. Só sinto que devo preocupar-me cada vez menos; aquele velho clichê... que desde os meus 13 anos trago como lema: “Não leva a vida tão a sério! ”. Eu digo isso quase todos os dias pra mim mesma... pra minha família, que se afeta até com o vento que passa, e é.… eu também me afeto. Só que chega um momento em que você para e pensa: Poxa, eu só tenho esta vida, talvez ela não seja o suficiente pra fazer tudo o que quero. “O tempo é curto e a vida é longa”; outro lema, meio que paradoxo, mas o que não é?
Então... com uma casa bagunçada, um quarto revirado do avesso, e um coração solitário e descontente, sento-me aqui para escrever, na verdade, esta inquietação não me deixaria fazer nada que não fosse exatamente isto, sentar aqui e “desabafar”.
É como se o dia e toda a correria não me deixasse pensar claramente em tudo o que me aflige e perturba. Quando caminho sozinha pelas ruas, imagino que devo ir exercitando meus pensamentos e não perder nenhum minuto do que posso observar e compreender. Tento mergulhar profundamente em mim e no mundo, agarrar ao máximo o que conseguir e não deixar passar nada, mas eu não consigo, quando eu caminho pelas ruas só ouço barulho, carros que vem e vão, sinto-me incomodada com aqueles que me dirigem o olhar e não me sinto eu mesma ali... Me sinto aturdida por aquela comoção, pela urgência falsa e mascarada de um mundo em mudança. Nem sempre posso sentir a leveza que em mim e no universo age... E quando isto me ocorre (raros momentos, eu acho) posso dizer então que fui salva. Então hoje escolhi não correr. Não estar aí e não estar aqui. Não podemos fugir do espelho sempre, não é? E eu até que gosto dele. 
Quanto tempo será necessário para se dar conta do amor? Quanto tempo levamos para saber que amamos, e o que seria necessário para que não mais deturpemos isso? Há quem diga que só basta uma vez, uma única vez e mesmo que passe despercebido não tradará para descobrir que ele já se apoderou de sua alma. É sim! E na verdade, quem poderá dizer senão nós mesmos? Lembro-me dos meus primeiros sintomas, ainda. Às vezes, tu nem se dá conta de quem seja o ser amado, se nos teus sonhos tua intuição e teu inconsciente te diz algo, é isso ai, meu amigo, não tem ego, nem errado e nem certo que dê conta disso. Lembro-me de não conseguir comer, de ter vontade de vomitar, da falta de ar, das lágrimas sem quem nem quê, do nervosismo involuntário... É capaz até de só por saber que pisas o mesmo chão do outro humano, tu já te sentes o humano mais feliz que a própria felicidade. É como o Big Bang num copo de água... todos os dias... Recordar que do outro lado existe um outro ser que também és tu e que sem ele nada mais serias. Tu odeia todos os dias, te machuca, te corrói, te bate e te apanha, e ainda assim tu amas. Aliás, um daqueles que também amou já disse algo incontestável: “Quando se ama, não dura muito o aborrecimento.”
Se de um lado ele sofres, tu sofres daqui também. [E eu... Eu não podia ver uma coisa dessas... Meu Deus! (...) Não poderia eu compartilhar os seus sofrimentos?]. Se sentir impotente diante do sofrimento daquele a quem tu queres bem, não deve haver dor maior, ou há? Aguenta a tua dor e a dele todos os dias, aguenta a tua alma e a dele, aguenta o teu eu e o dele, és tu e ele apenas um, e quem é que tem o direito de dizer que isto não é real? É tão real, que dói como o peso da própria existência em suas costas! Supliquei tantas vezes pra não sentir isso, como Tauriel suplica quando Kili morre a sua frente.
[“Se isso era amor eu não quero sentir. Tira isso de mim”. ]
Mas então me ocorre às palavras do outro poeta, e que poeta, magnífico:
“Tudo isso pra mim faz-me pensar que me está acontecendo algo de maravilhoso... Onde estou eu, meu Deus? (...) Por apenas dois minutos, mas me fez feliz para sempre. Feliz sim, é assim mesmo. Quem sabe que tenha feito com que eu me reconciliasse comigo próprio e dissipasse todas as minhas dúvidas!”
O amor machuca, o amor e o ser amado te reduz, te leva para não mais devolver, nunca inteiro. E de quem será a culpa? Nessa vida estamos cheios de amores não correspondidos e solitários, tudo se torna um suplício. Por que não o ser fonte de todo o sentimento a lhe oferecer o que o outro, aquele ali do lado... meio que invisível, pode lhe dar até o fim da vida? Como tantos personagens de livros de romances... também nos perguntamos, por que tive de me apaixonar por você e não por aquele, aquele que nunca troçou de mim, sempre me quis bem, aquele sempre me ofereceu a mão e estaria aqui sempre se eu deixasse, mas eu não deixo, e eu não consigo deixar. E por que tantos desencontros? Por que Lauryn tem que amar Theo que ama Eliza que ama Dirceu?
Bom, meu amigo, eu acho que nenhum de nós temos culpa, afinal. Ela não deve ser de ninguém. Somos vítimas de um crime. Ai, meu Deus. Um crime perfeito.
Nenhum nunca saberá até que ponto o outro é capaz de lhe querer, e quereria, por toda a vida, ainda que o seu coração pertencesse a outro. O leitor deves pensar: “Mas que boba! ” E é sim, meu amigo. Tudo bobeira. Afinal, ainda temos os sonhos, [e se eu não posso ter, eu fico imaginando]. E quem se atreve a dizer que os sonhos também não são reais?
Pedimos a ventania, pedimos o amor, que já o temos e o rejeitamos também todos os dias. Somos artistas, podemos fazer da nossa vida o que a ela desejamos caber, podemos moldá-la a nossa vontade, e fazer dela o que quisermos que ela seja, e além de todas as fantasias, sabemos que esta não é uma, se não quisermos. Podemos fazer desta vida irreal a nossa realidade? “Doce ilusão...” Ou não. Mas o que seria de nós?
Há de dizerem que sou neurótica, e eu admito, amigo, sou mesmo. E os normais que me apedrejem, eu não ligo. Nesta sociedade de loucos, todos querem status de “normal”, mas pra falar a verdade, nunca conheci uma pessoa normal, nem sei o que é isso, na boa... E você, sabe?
Por fim, termino com milhões de questões que ainda me aterram. Temos mesmo de amadurecer e perder toda a juventude que ainda conservamos em nossos corações?[Prouvera a Deus que pudésseis reviver com frequência essa idade na vossa alma!].
Por mais que soframos a ausência por noites de uma grande eternidade má, valerá a pena as 2 ou 3 únicas noites mágicas em que fomos felizes? Os 3 minutos, os 3 dias... Há 1 hora. Há 2 horas. Um único momento que durará por anos a fio, peleando em nossos corações atormentados e felizes...
Eu acho que sim. [. Não será isso o bastante para preencher uma vida? ]


Eleanor. 25.09.15 - porém, tão atual -

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Lyllian Teles. Tecnologia do Blogger.

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *