Ela - Você me ensinou a escrever

janeiro 10, 2017

Ela

Cercle des Princesses "Le Sortilège Dame de la Nuit" by Felipe Caprini

I

Que dificuldade tem a poesia de me encontrar?
Por onde será que andas esta menina traiçoeira?
Recôndita em seu lar.

Seu lar que é minha casa
Posta em encruzilhadas
Bruxas e demônios
Porão e sacada

Meu coração feito de sacrifício
Para o mais alto e forte ritual
De toda a criação

II

O Amor
A-o Mar
Mãe.

O mais viril e também mortal de todos os elementos
Esses que paralisam e constroem muros
Também dos que movem moinhos
Salta num paraquedas perdido

O amor e a poesia andam juntos
Irmão e amiga de uma morte certa
E de uma vida incerta, mas vivida
De uma vida levada
Levada, esperta e safada
Levada embora, amiga

III

Ah... Poesia
Alma imortal
Tu não morre, menina!
Nem que tu queiras essas águas te levam!

Cada sorriso teu (nosso) vibra com essas ondas
Mas nada de te levarem de mim
Nada te destrói
Tu é como o infinito

Duplo em sua jornada
Inimaginável em sua essência
Eterno em si mesmo.

Pleno
Sentado no trono do inferno
Que queima as chamas mais fervorosas e saborosas
Azuis, no paraíso.

IV

Ah, poesia!
Tu vens de branco até mim
Trazendo a tua paz e inocência
Enquanto o amor vem de vermelho
Pousando para morte
Cheio de sedas e certezas
Desliza na dança da própria decadência

Enquanto tu, tu regozijas em silêncio
Gritando a tua beleza
Calma e serena
E bem aventurados dos ouvidos que se permitem ouvir
E cantar a tua música.

Bem aventurados aqueles que dançam tua eterna dança.
O teu eterno retorno, poesia.
Pois há de ser tu, menina
A Deusa do mundo

Esposa do amor
Esposa da dor
Da existência
Não só ouro
Melancolia.

V

Há de ser tu a me levar pelas águas frias?
De caminhar comigo nas tardes quentes de domingo
Há de ser tu a me conduzir pela escada
Pela estrada
Pela entrada
Clamando por essa porta ausente?

Me chama
Me leva pra casa, poesia
Será que já encontrei teu lar?

Há quem diga que teu lar não é um
Há de ser muitos
Ou há de ser poucos?
Como tenho de encontrar?

VI

Quando era criança uma dama de azul
(Ou era vestida como o ouro?)
Me chamou
E como a chamei?
Maria, dama da noite e da pureza
Rainha da Lua e do Sol
Musa no fim de tarde
Eu não sei com certeza

Mas ela queria me levar
Exatamente aonde eu estava indo
E sabe a maior surpresa de todas?
Eu que estava conduzindo.

10 de janeiro, 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Lyllian Teles. Tecnologia do Blogger.

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *