Qual
a pergunta de hoje?
Uma
pergunta sobre a pergunta e nenhuma resposta, acho que mais uma vez já a
possuo. Lá no âmago do meu ser, do nosso.
Como todos os dias, eu
não sei o que tenho para me dizer, mas com muito prazer dedico este pequeno
tempo para procurar, a minha meditação... o meu momento, o meu insight. Como é
tão bom estar comigo! Nossa! Acho que a descoberta triunfal que a vida me deu
nestes últimos dias foi essa, valorizo a minha solidão de uma maneira que nem
eu mesma entendo. Quantas respostas e quantas perguntas encontro na solidão,
minha amada, minha guia, meu anjo e meu demônio... o mar que em sua beleza me
atrai e me afoga. Volto a sonhar desta vez, de verdade, consigo ver claramente
as imagens em minha cabeça e tudo retorna... está lá, estou realmente
conseguindo, apesar da vida continuar uma bagunça, a vida que insistimos em
controlar com cada conexão cerebral cansada que nós fazemos. Quanto mais o meu
transtorno obsessivo compulsivo e minha ânsia imortal busca pela pressa e
organização, mais o meu espírito calmo e sereno me chama dizendo o quanto essa
correria não me leva a nada. Nossa! Outra descoberta: uns sofrem da correria do
dia a dia, o trabalho, a produtividade, a família, o vício ou a virtude, a
perfeição, a vida e a batalha contra a morte, outros correm de si mesmos. Acabei notando o quanto que tento fugir
de mim, mas a qualquer lugar que vou, lá estou, não se cura de si mesmo, não se
joga fora ou se ignora aquilo que se é, e eis aí toda a contradição da menina
que adora a solidão consigo mesma. A solidão onde conserva todo o seu talento
confinado a uma dor inexistente, entorpecida e esquecida à luz do fogo do
inferno, o inferno que a nós pertence, que aqui se concretiza, que aqui dorme
tranquilo nos carros que trafegam na rua, e acorda agitado nas noites em que
procuramos nada além do sono, nada além do sossego, nada além dos sonhos e dos
símbolos.
Percebi
que passei uma “vida” pensando no quanto é difícil parar e sentir num mundo em
constante movimento como o nosso, no entanto, não me dei conta que no meio
disso tudo, eu senti mais do que nunca, eu vivi, presenciei, caminhei por cada
célula vibrante no meu corpo em transe, me uni ao universo como um todo e senti
sua fúria, cai da pedra mais alta {no colo de Jesus}, eu obtive respostas, e
respondi questões, abandonei as atividades de casa, abandonei a academia,
abandonei a sociabilidade do trivial... pelo sentimento, para escrever estas
palavras, para parar e sentir, para derramar lágrimas, lágrimas que não eram
sangue mas queimava feito chama, fazendo-me ter pena de mim. Abandonei cada
projeto que criei, perdi a motivação em cada pequena coisa na qual acreditei,
dei menos importância às minhas ações, não me preocupei com o trabalho, ou com
a perda de peso; com os estudos atrasados ou qualquer outra coisa.... Não! Na
verdade, esse tempo inteiro isso só surgia em minha mente para me dizer: o
quanto que uma resposta dependia da outra. Eu precisava ir no fundo procurar o
interruptor, a velha fonte.
O
sonho que permanece em movimento. A ansiedade que não leva à lugar nenhum. O
desespero que nos aprisiona. A vida que
não tem explicação. O mundo que precisa de ação. O show que tem que continuar.
O espelho que só quebra se você deixar. A música bizarra que há de tocar, e nós
que haveremos de dançar. Os sentidos que haveremos de atribuir, e o mundo às
verdades poderosas lançar. A preguiça abandonar, o tédio sucumbir, o tempo
ruir, o sofrimento levar, e o amor.... Esperar!
Talvez
cada palavra que sai da nossa boca realmente deva ser considerada, não importa
o quão trivial pareça, e o que eu quero dizer com isso? Um amigo há um tempinho
fez um comentário bem significativo sobre determinada música, o qual concordei
plenamente, mas hoje ela ecoa em minha mente (antes inconsciente) como fosse
uma longa melodia tocada pelas fadas: quem
tem pressa não se interessa! Há de haver um tempero chamado verdade nesta
sentença, aliás, o aqui é agora, o agora é aqui, e nada mais importa. Correr
para quê? Chegaremos no “final dos tempos” nos perguntando se conseguimos notar
ao menos quem estava ao nosso redor, se amamos quem nos amou, se doamos um
pouco do nosso tempo a alguém que precisava de carinho, se foi mais fácil
passar horas grudados numa tela a descer eternamente a barra digital de rolagem
ou se olhamos fundo nos olhos do nosso melhor amigo e o abraçamos... haveremos
de nos perguntar se conseguimos superar o silêncio constrangedor, o amor há
muito perdido, a pobreza (de matéria e de espírito; causa perdida) e os amores
os quais precisaram de nós. Se a vida permanece tão imutável em sua trágica
essência incompreensível, haveremos de viver para lamentar? Ou para glorificar
e gritar em sua honra? A beleza há de prevalecer diante do sofrimento, mais uma
vez. O nascimento de toda esperança, o eterno retorno. A serpente, digna da
dúvida e da certeza, amiga e amante da nossa morada, feita de tudo e nada.
No
mais, pulo com os orgasmos de uma música magnífica. Coisas que não tem
explicação, e nem precisam ter, mais uma vez. Eis minha causa sui. Ei minha ilusão perfeita, a escolha e a persistência. A
superação de toda ausência, na ausência. Pois... nenhuma teoria estará aqui por
nós, a vivência vem antes de qualquer racionalização, e a aprendizagem se
constrói nela, os racionalistas que me perdoem, mas a razão não é nada diante
da vida, que permanece sendo uma permanente descoberta!
12.12.2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário