Maktub - Você me ensinou a escrever

outubro 31, 2017

Maktub


Faz um tempo danado que eu não escrevo. Olhei pro horizonte e parei. Eis que em suas entrelinhas se esconde tudo que eu não disse e tudo que quero dizer. Eis que nestas entrelinhas não se esconde mais nada, se mostra o que não disse, pois que já foi dito em sua profunda maestria pelo próprio horizonte.
Virou, então, fenômeno para mim, que se não tenho palavras ou se desprezo a necessidade de palavras, talvez seja porque o vento já disse muito em seu soprado diagonal. Geometricamente o mundo se perfaz e eu construo minha experiência sem muitas paráfrases. E ela vem apenas com sentidos e significados, não parafraseados. Posto que nada foi, desta vez, passível de tradução.
Mínima que seja ela.
Escrevo-te agora e escrevo pouco para dar-me conta de que ainda escrevo e conto com gosto esses sentimentos que hoje já não zelam por melancolia. O horizonte continua e mesmo azul não quis mais contar histórias tristes. Só corre solto ainda em busca de uma sombra fresca ou um sol bem quente para se agarrar.
Não há sequer um ponto onde o horizonte nasceu ou morreu. Ele existe e persiste eternamente à luz da nossa consciência intrínseca. Ele vive em paz e eterno, como esses relatos vivenciais.
Viver não carece de tratos e nem retratos, mas a gente registra mesmo assim, meio que para sugar um tanto mais essa dose de imensa beleza, intransponível. Nuvem que transcende, transborda e mata se não se expressa, se não põe o olho no horizonte, por um minuto que seja do dia, mesmo numa vida de loucura inquieta. 

17:51 pm. 
dia das bruxas, 2017.

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