Mais um dia
Mais uma noite
Mais um coração que não dorme
Não sossega
Dança, porém
Cai em rodopio
Balança
Não vive, cansa!
E as noites seguem sendo as mesmas
Os dias mais uma vez obedecem ao ciclo sem fim
Da roda interminável
Monotonia
Esquece-se a magia de ser o que se é
E retorna o demônio de ser o que se é
De estar onde se está
De permanecer
A mudança ausente, que tanto clama em oração
A altivez presente [na foto]
mas longe na vida real
E, o que é isso?
Para onde foi tamanha ousadia?
Onde se escondeu toda essa marra, toda essa garra
Toda essa poesia?
Em que canto do teu eu nu, fez morada tanta exaustão?
Onde, que eu não consigo achar?
Cadê tua alma de poeta?
Cadê teu samba canção?
E teu espírito de boneca?
Grande, pequena
Marrenta, morena
Infinita, solidão
Um raio de sol
Um lápis de olho, um batom
Borboleta, uma paixão
Onde? Onde está você?
Cadê você que canta e encanta todas as almas
Que encontra?
Onde se encontra toda essa pompa?
Cadê a coragem?
Deve escorrer pelos dedos todos os dias
E eu não sei onde foi parar
Pra onde tu foi?
E esse medo que me acompanha e me diz
Me diz como faço para expulsar
Tamanha melancolia
Eu não sei mais como parafrasear
Meu Deus
me explica, dessa vez nós merecemos saber
O porquê! Cadê?
Como é que pode, tantos filhos
ao relento, num nada infinito
Um abismo, sem alento
Um suspiro? Cadê?
Sem amor, sem chão
Sem colchão, sem mãe
Sem pai, sem um pão.
Como aceitar?
Como aceitar tamanha indecisão?
Me diz, meu Deus.
Como se encontrar
E se encontrar como lidar?
Como viver, como amar?
Me conta, me diz vai
Me ama também.
Que eu não sei a quem,
Eu não tenho quem abraçar
Eu não encontro quem louvar
Quem dançar
Quem amar.
Me conta como é viver?
Me chama, me convida, me mostra como é ser você
Que eu quero ser
Eu quero estar
Não mais aqui
Não sou de aguentar
Não sou.
Percebe, Deus?
Eu não sou de aguentar
Cansada para dormir, casada de rodopiar
Cansada estou de tentar
De mar e de amar
Exausta com a beleza que não sou capaz de superar
Superar, taí uma palavra desconhecida
Desconheci o seu significado
Como te desconheci, Deus
E desconheci a mim
E a todos
Nem a minha cama que me ama
conheço mais
Não há maneiras de pertencer
Eu não sou mais capaz de pertencer
Eu não pertenço
Eu não sou
Eu não vivo
Nem sei se existo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário