O dia antes de você chegar - Você me ensinou a escrever

novembro 27, 2017

O dia antes de você chegar


I

O dia antes de você chegar me parecia bonito,
mas era ainda aquela beleza constrangedora que me deixava melancólica
e quase vazia, cheia de um marasmo sem fim.
Eu jurava admitir na vida um sentimento puro de maestria,
mas essa maestria não me contemplava,
como hoje vejo o que você completa em mim.

Me complementa como o tempo e o espaço
universais e sem embaraço, que D’eu’s se pôs a provar.
não é preciso sequer palavras para explicar
todavia, poeta que sou, me ponho a procurar.

Me remeteu, aquela música
ao dia antes de você chegar
parecia realmente, escuro e sombrio
e eu, como diria Gal, uma estrela vulgar a vagar.

No fundo do peito o fruto parecia, de fato, apodrecer a cada dentada
mas quando você chegou, logo viu, e me salvou que esta sentença não combinava
com minha alma, antes coitada e perdida, agora anda agarrada
em tua mão, em teu laço, em tua estrada.

II

A rotina que existia já não propagava nenhum desejo primordial
ser alguém, um modelo, um gênio, ou só profissional
não sabia, mesmo, se ainda queria ser alguma coisa
ou se era alguma coisa, enfim
meu dia, antes de você, consistia em tomar feito crise a existência de mim

acreditava sim, na vida, com gratidão pela beleza de um dia de sol
por amar a família, a psicologia ou o rock n’ roll
sempre perseverante e com a fé no amor,
mas jurava estar tão distante dele, que
nunca chegara a ser genuíno e morreria só.

Mas que sozinha que nada, que foi só desprender das fantasias
e a vida me trouxe você,
meu amor, meu bem querer.
sem medo, sem hesitação, nenhum platonismo ou mediocridade

Autenticidade é, pois, o que temos para oferecer.

A rotina se tornara outra, o sentido outro, a razão evidente
Eu, você e mais ninguém.
Só a gente fazendo a vida da gente.

III

Antes de você chegar eu era uma garota no ônibus tentando me encontrar.
A aula era a terapia que não tenho como pagar.
O grito vivia na garganta, o segredo do universo vivo a me torturar.
A rotina sempre vazia, e fria e sozinha.
Tinha bons amigos, só.
E supostos amores sem nenhuma reciprocidade.
Mas a inventava como Cazuza inventava amores para se distrair.
Dizia ser tedioso não amar, mas não sabia nem de longe...
o significado que o verdadeiro amor poderia fazer surgir.

Eu pegava o carro para universidade, sem rebolo, sem roteiro.
Eu chorava pelo mundo inteiro, em desvario.
Não acreditava sequer no caminho que havia de levar.
A vida parecia bela, mas só porque tinha de aguentar.
Vivia como no filme, um estranho no ninho...
Que ninho caótico esse, uma loucura, uma responsabilidade, uma escolha,
“Uma mentira contada pela liberdade... ”
“A escravidão dentro do sistema...”

Eu só escrevia poemas,
contava fantasias
que achavam elas ser verdades

hoje eu te amo
vivo
e escrevo a realidade.

IV

[É engraçado, mas pra mim não fazia sentido
viver em objetivo
no dia antes de você chegar]

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Lyllian Teles. Tecnologia do Blogger.

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *