Isso é pra viver - Você me ensinou a escrever

setembro 10, 2017

Isso é pra viver


I

É pra viver mesmo. Como a recente alucinação rica em doces eróticos. Um braço envolto na cintura, o colchão, o chão cheio de uma poeira tardia de amor calado, de amor jorrado, de desejo saciado, então.
É pra viver mesmo, Maria. Viva como a agonia da euforia de viver assim, no instante já que te sacia, já que te inebria, que te dilui, em tantas partes que o todo não pode partilhar sem crer.
É pra viver mesmo, como o álcool que consome sua consciência. É só então (in)consciente tu podes entender o que significa enfim, viver. Viver assim, onde nada mais importa que não o sorriso bem quisto e o bom dia tardio. O amor, o amor de alecrim.
O bandolim já parou de tocar... mas, a roda da saia continua a dançar, pois que sufoca se não dança, se não expressa a supressão dessa flor jasmim...
É bonito, anjo querubim. É bonito. Como a cor da lua, nua e crua, invadindo o céu.
O leite derramado, o sol, o azul, o breu.
É, inclusive, o fim, Orfeu.

II

O tudo e até o nada têm muito a dizer
Do quanto dói
Ama, perdura, acaba, e não deixa...
Constrói.

Eu amo o que destrói
Toda força da harmonia
Reforça a contradição
Cai no colchão, sem racionalização
Sem tempo
Sem neuras
Sem alucinação

Já que alucina mais a própria ação.
O próprio ato, de viver.
De querer, de ter
Cada gesto incerto
E certo por si só.

Eu sinto a máfia de estar só
E estar com todos os outros, em concomitância
Eu guardo a lembrança de amores vazios
E frios

Eu vivo a ilusão de um amor sem fim
Em vivo em mim e sem mim
Eu vivo assim.
Por viver.

Vivo de querer amores inteiros
E passageiros
Vivo de quereres ligeiros

E lentos gostares.
E futuros gozos.

E dorminhocos amores.
Eu sinto tantas dores
Que já nem sei contar.

Quero mais é gozar
Dos seus temores.

Quero me infiltrar em seus
Mais fortes ardores...


Quero me acabar.

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